Concentração de empresas na construção cai 50% em dez anos
- Renato Faria
- 3 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Segundo o IBGE, as oito maiores empresas representavam 10,8% do setor em 2012; em 2021, apenas 4,3%.
A concentração das maiores empresas na indústria da construção no Brasil caiu drasticamente, de acordo com a Pesquisa Anual da Indústria da Construção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Segundo o levantamento, as oito maiores empresas do setor em 2012 representavam 10,8% do mercado. Em 2021, esse percentual caiu para 4,3%, uma redução que reflete as mudanças estruturais e econômicas no país no período. A pesquisa utiliza os dados mais recentes do setor.
Queda na infraestrutura é a mais expressiva
A redução foi mais acentuada no segmento de obras de infraestrutura, que viu sua concentração despencar de 24,6% em 2012 para 8,4% em 2021.
No segmento de construção de edifícios, menos dependente de investimentos públicos, a queda foi de 8,6% para 7,1%.
Em contrapartida, o segmento de serviços especializados para construção, que abrange serviços de acabamento, aluguel de máquinas e equipamentos e administração e gerenciamento de obras, registrou aumento na concentração, subindo de 4,3% para 7,3% no mesmo período.
Fatores contribuintes
Vários fatores contribuíram para essa mudança no mercado:
Fim dos grandes eventos esportivos
A conclusão das obras para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 resultou em uma queda na demanda por grandes projetos de infraestrutura, reduzindo a participação das grandes empreiteiras.
Operação Lava Jato
A Operação Lava Jato, iniciada em 2014 a partir de denúncias de corrupção em contratos entre grandes empreiteiras e o Poder Público, condenou políticos, empresários e empresas, resultando em prisões e multas bilionárias. A operação afetou drasticamente a capacidade dessas empresas de competir no mercado, levando muitas delas, inclusive, à falência.
Turbulência política
Entre 2012 e 2021, o Brasil passou por um período de intensa turbulência política, incluindo processos de impeachment. Esse cenário de instabilidade afetou negativamente o cenário de investimentos públicos setor da construção, já que muitas obras dependem da mobilização governamental.
Aperto fiscal
A implementação do teto de gastos constitucional e a pressão orçamentária que levou à reforma previdenciária trouxeram um cenário de aperto fiscal que limitou os investimentos públicos em infraestrutura. Essas medidas visavam controlar o déficit fiscal, mas reduziram significativamente os recursos disponíveis para grandes obras públicas.
Pandemia
A pandemia de Covid-19, iniciada em 2020, teve um impacto profundo na economia global, e o Brasil não foi exceção. O setor da construção enfrentou desafios como interrupções nas cadeias de suprimentos, aumento dos custos de materiais e a necessidade de adaptação às novas normas de saúde e segurança. Mesmo assim, o setor imobiliário mostrou resiliência, desempenhando papel crucial na recuperação econômica no período, gerando empregos e mantendo atividades essenciais em andamento.
Impacto nos empregos e custos
Apesar da redução da concentração das grandes empresas, o número de postos de trabalho nos serviços especializados da construção subiu de 715,3 mil em 2012 para 758,7 mil em 2021.
O custo com pessoal continua sendo o maior gasto na indústria da construção, seguido pelo consumo de materiais e pelos gastos com obras e serviços contratados a terceiros.
Para mais detalhes, visite o site do IBGE e acompanhe nossas atualizações sobre a economia e o mercado de trabalho na construção.
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